
Foi no passado dia 25 de fevereiro que o Auditório do CCB recebeu a 2ª Edição da Conferência Idade Maior. Um encontro promovido pela Consultora Idade Maior, da agência Brandkey, com o propósito de refletir sobre a evolução demográfica em Portugal e no mundo, a longevidade, o papel das gerações +50 na nossa sociedade assim como o potencial que ainda está por explorar. Estaremos preparados para comunicar com um segmento que deixa de ser cada vez mais uma franja, para ocupar um lugar de massas? Saberemos adaptar o diálogo e ação aos vários estágios e papéis que estas podem assumir? Gerir o envelhecimento populacional e a temática da intergeracionalidade: um desafio ou uma oportunidade?
Sem dúvida «um tema estruturante e que tem que começar a ser tratado hoje», refere Mónica Chaves, CEO da Consultora Idade Maior na abertura da sessão. A verdade é que o crescente acesso a cuidados de saúde, à tecnologia, à ciência, à evolução na medicina ou nos estilos de vida tem proporcionado às pessoas viver vidas mais longas, com um envelhecimento mais ativo, mais saudável e consequentemente mais produtivo e contributivo para a sociedade e para economia, por isso, resta saber, como poderemos tirar partido desta mudança. E propôs que tudo deve começar com o aprofundamento do conhecimento desta geração, objetivo pelo qual foi lançado o grande estudo de mercado do Forum Idade Maior, que conta já com a participação de uma comunidade de empresas e instituições que partilham deste objetivo. Como poderemos gerar «conversação, transformação e acção», concluiu Mónica Chaves, dando o pontapé de saída para uma manhã recheada de conhecimento e partilha de experiências, começando pelo lançamento em primeira mão do Podcast Idade Maior, com a jornalista Laurinda Alves.
Seguiu-se a perspetiva de Avivah Wittenberg Cox, especialista global em diversidade etária no mundo corporativo, que fez questão de trazer ao centro da conversa a importância de olhar para o envelhecimento de forma holística e de nos familiarizarmos e familiarizarmos os demais com aquela que é a linguagem da longevidade. Longe vão os tempos em que viver mais tempo era sinónimo de falta de saúde ou de qualidade de vida, pelo contrário, por isso, hoje é preciso entender os mais velhos, compreendê-los nas diferentes fases do seu envelhecimento e saber como comunicar consigo. Partir do desafio para a oportunidade. Quem são os meus consumidores 50+? O que preferem dos 50 aos 55? E dos 55 aos 60? É tempo de repensar o futuro enquanto sociedade e fazer com que os líderes e empresas o repensem também.
Uma visão partilhada por Helena Marujo, Professora Associada do ISCSP, que com uma intervenção focada em explorar “como viver vidas mais felizes” não hesitou em referir que «é a qualidade dos laços e das relações próximas que temos e desenvolvemos ao longo da vida, que nos acrescenta e nos faz felizes». Estudos indicam que trabalhar para alimentar relações e emoções positivas nos permite viver, em média, mais 10 anos, porque, de facto, «quem tem uma vida com propósito consegue, sem dúvida, viver mais tempo e com mais qualidade», refere Helena Marujo. E no seio empresarial esta é uma dimensão muito interessante de analisar, «porque cada vez que perguntamos qual a variável com maior peso para as pessoas no seu ambiente profissional, a primeira coisa que respondem é compensação – associado ao receber mais porque é uma recompensa pelo esforço. Mas quando analisado de “fora para dentro” apercebemo-nos de que o que verdadeiramente pesa em casa um de nós é sentir-se parte, ou seja, é isso que todos queremos: um propósito dentro de uma comunidade».
O debate incidiu também sobre a forma estereotipada como a sociedade vê esta fase da vida, como de declínio, mas, que a realidade tem mostrado ser muito diferente. Para Jorge Portugal, Diretor da COTEC, «não se pode isolar os jovens como ícones de oportunidade, futuro e progresso e os mais velhos como um peso que é necessário suportar». E até porque, em concordância com a afirmação de Mónica Chaves na abertura da sessão, as massas estão a mudar. Com uma sociedade cada vez mais envelhecida, os jovens deixam de ser as massas e é urgente assumir que vivemos numa «super-aged societie e agir para reagir à mesma. Com políticas estruturais, produtos e serviços adequados a esta realidade», concluiu Jorge Portugal.
E, por isso, a questão que se põe é clara: olhamos para o envelhecimento da população portuguesa como um desafio ou como uma oportunidade? Para Paulo Portas a resposta está mais perto do que parece «é preciso reconhecer que por via da criação de estruturas que promovem a longevidade, hoje, a vida mudou e nós envelhecemos muito e, por isso, é preciso prepararmo-nos enquanto país para uma população que chega cada vez mais longe, mais envelhecida». A verdade é que, em concordância com a reflexão de Jorge Portugal, da COTEC, é inegável que as gerações mais novas não querem assumir o peso social e económico do envelhecimento populacional e, por isso, é essencial criar estruturas, políticas e uma cultura facilitadora, que promova a intergeracionalidade e faça do envelhecimento uma oportunidade para cujos desafios existem respostas.
Por último, o encontro terminou com a apresentação e partilha de projetos de sucesso da MEO, como o “Partilha Casa”, da Fidelidade e ainda da Well’s com a campanha “Não Fica Bem”. Marcas e empresas com impacto direto na vida das pessoas e que querem, juntas, aceder a ferramentas únicas que lhes permitam promover mudanças e transformações positivas na sociedade. Isto porque, olhar para o futuro da demografia e o papel que cada faixa etária desempenha na sociedade é, sem dúvida, um tema de todos. E mais do que um desafio é uma gigante oportunidade.









